A gestão de facilities como ativo financeiro representa uma transformação paradigmática nas organizações. Deixou de ser apenas uma área operacional de suporte para se tornar um centro de decisão estratégica capaz de impactar diretamente o EBITDA, o ROI e o valuation da empresa. Essa abordagem, conhecida como “Finance-First FM”, está mudando a forma como CFOs e gestores de facilities interagem e como os investidores avaliam o desempenho corporativo.
Durante o Congresso ABRAFAC 2025, especialistas confirmaram que Finance-First FM é a tendência dominante para 2026. O gestor que consegue traduzir indicadores técnicos de manutenção em impacto financeiro mensurável passa a ocupar um papel completamente diferente na estrutura organizacional. Não é mais um gerenciador de operações — é um estrategista que define como a empresa maximiza o valor dos seus ativos.
O Custo Real da Facilities: Redimensionando Perspectivas Financeiras
Muitas empresas ainda tratam facilities como um “custo necessário”, desperdiçando oportunidades de otimização. De acordo com pesquisas recentes, o setor de gestão de facilities movimenta aproximadamente R$ 60 bilhões anuais no Brasil e está crescendo a 7,1% ao ano até 2029, impulsionado principalmente pela adoção de estratégias de terceirização e gestão profissionalizada.
Quando uma organização implementa gestão de facilities orientada por métricas financeiras, os impactos são significativos. Redução de custos operacionais, minimização de desperdícios e otimização do ciclo de vida dos ativos não são apenas melhorias operacionais — são drivers diretos de lucratividade. Uma empresa que implementa um sistema EAM (Enterprise Asset Management) adequado reduz seus custos de manutenção em até 20%, segundo dados do Manusis4. Isso equivale a milhões em impacto direto no resultado financeiro.
KPIs Financeiros: Falando a Linguagem do CFO
No modelo Finance-First FM, os indicadores deixam de ser exclusivamente técnicos (MTTR, MTBF, disponibilidade) para incorporar métricas que o CFO entende e valoriza:
Custo por Metro Quadrado (Cost per M²): Este é um dos indicadores mais críticos para gestão financeira. Permite a comparação entre unidades, a identificação de outliers e a alocação mais precisa de orçamentos. Empresas que implementam gestão estruturada conseguem reduzir esse custo em até 15-25%.
ROI por Ativo: Calcula o retorno sobre o investimento realizado em cada ativo. Ao categorizar ativos por criticidade e impacto financeiro, a organização consegue priorizar investimentos em manutenção preventiva nos equipamentos que realmente importam para o resultado.
Ciclo de Vida do Ativo (Asset Life Cycle Cost): Integra o investimento inicial, custos de operação, manutenção, energia e depreciação, permitindo decisões mais informadas sobre reposição vs. manutenção.
Tempo de Inatividade com Impacto Financeiro: Não é o mesmo medir “tempo parado” e “custo financeiro do tempo parado”. Uma máquina crítica parada custa até US$ 260 mil por hora. Ao quantificar isso, a gestão de facilities deixa de ser vista como “gasto” e passa a ser entendida como investimento em preservação de receita.
Eficiência Energética e Sustentabilidade: Redução de 15% no consumo de energia através de manutenção preventiva adequada traduz-se em economia direta. ESG não é apenas narrativa — é impacto na rentabilidade.
Finance-First FM na Prática: De Operacional para Estratégico
O modelo clássico coloca o gestor de facilities respondendo ao diretor de operações. No modelo Finance-First FM, ele apresenta resultados diretamente ao CFO e ao board. A estrutura muda porque as linguagens são alinhadas.
Quando um sistema de gestão de ativos (como o Manusis4) integra dados de operação, manutenção, custos e indicadores, o CFO consegue ver em tempo real: qual é o impacto de uma decisão de planejamento de manutenção no EBITDA? Por quanto tempo um ativo deve ser mantido antes de ser substituído? Qual é o cenário de custos para os próximos 52 semanas?
Um caso prático: uma indústria automobilstica implementou Manusis4 em 7 plantas na América Latina e conquistou uma redução de 25% nos custos de materiais no primeiro ano. Isso não é um número operacional — é um número que modifica a lucratividade corporativa.
Integração com ERPs e Sistemas de BI: Conectando Silos Financeiros
Um dos maiores desafios do Finance-First FM é quebrar a dicotomia entre o “mundo de facilities” e o “mundo financeiro da empresa”. Empresas que implementam integrações robustas entre sua plataforma de gestão de ativos e seu ERP conseguem:
• Automatizar alocações de custos para centros de custo corretos
• Gerar relatórios integrados que o CFO pode consumir diretamente
• Criar cenários de previsão baseados em histórico real
• Alinhar deprecação contábil com ciclo de vida real do ativo
Quando um gestor de facilities consegue falar a linguagem de um ERP Oracle, SAP ou TOTVS, sua influência na organização aumenta exponencialmente. Ele passa a ser um parceiro estratégico, não um operador.
O Desafio da Transformação: Mindset é Tudo
Implementar Finance-First FM não é apenas questão de tecnologia. É uma transformação cultural. Gestor de facilities precisa aprender a traduzir impactos operacionais em impactos financeiros. CFOs precisam reconhecer facilities como um ativo gerenciável, não como um departamento de custos fixos.
Pesquisas mostram que apenas 26% das empresas se consideram maduras em gestão de facilities, enquanto 56% estão em estágio básico. A maioria ainda não consegue conectar o desempenho operacional ao desempenho financeiro. Para as organizações que conseguem fazer essa ponte, os ganhos são imensos.
Perspectivas para 2026 e Além
O futuro do facility management está claramente integrado ao financeiro. CFOs estão demandando maior visibilidade sobre esse ativo. Investidores estão analisando a qualidade da gestão de facilities como indicador de saúde operacional. Empresas com facilities mal gerenciadas arriscam reduzir sua capacidade de produção em até 20%, o que impacta valuation.
Finance-First FM não é uma tendência passageira — é o futuro da gestão de ativos corporativos. A questão não é mais “devemos investir em gestão profissional de facilities?” e sim “por quanto tempo vamos deixar esse ativo ser mal gerenciado?”
